quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Nova Morada

Nova Délhi, capital da Índia vai ser a partir de agora a minha nova morada. Este é o meu segundo dia na Índia. Ontem cheguei por volta das 18h, foi um final do dia muito cansativo. Começamos por desfazer as malas e limpar a casa onde iremos ficar instalados.
Eram 20h e a barriga começou a “dar horas”, estava esfomeada… Quando acabei de jantar, foi logo para a cama. Estava com algum receio que estranhasse a minha nova cama e não conseguisse adormecer, mas estava enganada, foi, como se costuma dizer, “tiro e queda”.
São 8h da manha, acordei com a esperança de olhar pela janela e ver a minha pequena e bela cidade de S. João da Madeira, mas isso não acontecera, agora tudo são apenas memórias daquela bela cidade.
Enquanto olhava pela janela pensei no tema que tinha dado recentemente nas aulas de filosofia sobre os valores e valoração. Cada um construiu a sua pirâmide de valores em função das suas prioridades, e com isso aprendi que ao longo da vida esta pirâmide poderia sofrer modificações. Seria este um desses momentos? Nessa minha pirâmide o meu valor primordial é a família e penso que independentemente das “vira-voltas” que a minha vida virá a sofrer, esse valor irá permanecer sempre em primeiro lugar, principalmente agora. Em relação aos outros valores, só com o tempo saberei se irão ser modificados ou não.
Neste momento o meu principal objectivo é tentar saber mais sobre a cultura indiana para me poder integrar. Decidi pegar na minha mochila e ir visitar as ruas da cidade, monumentos, para me ajudarem a conhecer melhor a cultura indiana.
O que sempre me atraiu na índia e na sua cultura foram os seus monumentos característicos, o modo como as pessoas se vestem, aqueles vestidos compridos e brilhantes… Apesar disso, há coisas que ainda me assustam, como por exemplo as regras e crenças que as mulheres são obrigadas a viver e obedecer.

Ao explorar a cidade apercebi-me que quase tudo na Índia é baseado na espiritualidade. O grande propósito da cultura indiana é conhecer Deus, seja em seus aspecto pessoal ou impessoal.
Quando ia a caminho de casa passei por um centro de comércio, havia uma grande multidão naquela zona, de longe pareciam todos umas formigas irrequietas a andar de um lado para o outro. Enquanto andava a ver aqueles brilhantes vestidos numa tendinha que lá existia apercebi-me que numa tenda ao lado existia umas figuras pequenas de pessoas com cabeça de animais. Naquele momento achei um bocado estranho, por que razão é que alguém iria comprar aquilo? Que piada é que aquilo tinha? Foi então que perguntei ao vendedor que por sua vez era muito simpático que significado é que aquilo tinha. Ele chamava-se kabir e explicou-me que aquilo era os vários deuses da religião Hindu. Também me explicou que a espiritualidade indiana está profundamente enraizada em tradições filosóficas e religiosas.
A Filosofia surgiu na Índia como uma pergunta sobre os mistérios da vida e da existência. Os sábios descobriram que a verdadeira natureza do homem não é o corpo ou a mente, que estão sujeitos a mudanças e ao perecimento, mas sim o espírito que é imortal e de pura consciência.
A principal mensagem desta cultura é a aquisição de conhecimento e o afastamento da ignorância. A ignorância representa a escuridão e o conhecimento a luz.
Fiquei muito fascinada pela maneira como a cultura indiana encare as coisas e como é a sua filosofia, estes preocupam-se essencialmente em conhecerem-se a eles próprios e nunca permanecerem neutros, na sua ignorância.
Cheguei a casa estupefacta com as coisas que tinha aprendido naquele dia, quem diria que a cultura indiana fosse tão interessante. A índia passou assim não só a ser uma nova morada mas também um novo caminho de luz na minha vida.

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