sábado, 19 de junho de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

No inicio do ano lectivo o meu pensamento sobre Filosofia: ' que seca! mais uma aula para dormir'. Rapidamente mudei de opinião quando me apercebi de que era uma disciplina que se indetificava demasiado na minha vida fazendo-me reflectir e a formular opiniões criticas sobre tudo. Muitas das reflexoes filosóficas dadas nas aulas, são comuns à minha vida, por todo o meu passado, presente e sem dúvida futuro. Para mim tornou-se a disciplina mais interessante pois muitas coisas diferencia a Filosofia de todas as outras disciplinas, bastando nao ser tudo sobre a ciência mas sim retratando o abstracto. É engraçado conhecer o ponto de vista de todos os meus colegas de turma e claro, da professora, que nos ajuda sempre a optar pelo caminho mais correcto. Na minha opinião a Filosofia devia ser aplicada desde a primária, pois o auto-conhecimento deve começar com o abc.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

"Percurso Filosófico"

No início do ano, a expectativa era muito alta. “O que é a Filosofia?” - perguntava-me. A resposta que se formava na minha mente era esta. “Se os filósofos são grandes pensadores, dizem tanto numa única frase, a Filosofia deve ser muito complicada e não deve servir de muito saber interpretar umas frases complicadas de um filósofo”. Resposta simples, lógica e acertada… ou não?

No início das aulas achei a Filosofia muito chata, confesso. Aprendi que o termo Filosofia resulta da aglutinação de duas palavras gregas, philos (que ama) e sophia (sabedoria), ou seja, Filosofia é o amor à Sabedoria. Além disto, aprendi que o objectivo da Filosofia era, principalmente, ajudar-nos a conhecer-nos e a desenvolver o nosso espírito crítico.Estas primeiras aulas conseguiuram colocar-me a reflectir sobre “quem sou eu?”, levando- -me numa viagem de auto-reconhecimento, uma viagem que ainda não acabou pois ainda há algumas coisas que tenho de descobrir sobre o meu “eu”.

Com o passar das aulas, os temas foram ficando mais interessantes. Falámos sobres os valores e tivemos de construir uma pirâmide dos valores. “Para que é que vou construir uma pirâmide dos meus valores actuais, se a professora disse que esta ia, muito provavelmente, alterar-se em função dos acontecimentos da minha vida?” indaguei-me. Mas decidi não questionar mais, afinal a professora tem um curso, com certeza sabe a verdadeira importância deste trabalho. E lá comecei a construir a minha pirâmide, um pouco céptico quanto ao valor que aquilo teria para mim. No entanto, estava errado. Durante a construção desta, fui obrigado a reflectir nas minhas prioridades. Para além de servir como linha orientadora de vida, esta construção serviu para eu me conhecer melhor.

Depois vieram temas como a eutanásia, aborto e, mais tarde, religião. E com eles os debates. Os debates são o que menos gosto nas aulas de Filosofia. Sei que são muito importantes pois sendo um dos principais objectivos da Filosofia desenvolver o nosso espirito critico, haverá algo melhor para este desenvolvimento do que um debate, do que um confronto de ideias? A resposta é não. Não há nada melhor do que os debates. No entanto, não consigo espressar a minha opinião oralmente, não sei bem porquê meto “os pés pelas mãos” e por isso os debates tornam-se uma tarefa penosa para mim. Talvez com o tempo me sinta mais à vontade e melhore esta faceta.

Agora, a resposta à questão que me colocava no inicio não é a mesma pois, mais uma vez, estava errado, mas não completamente. A Filosofia é, sem dúvida, complexa, apesar de esta complexidade diminuir se amarmos a sabedoria, pois só amando a sabedoria amaremos a Filosofia e esta é essencial para o nossa vida, ao contrário do que pensava no início, pois sem espírito crítico, com uma atitude passiva perante o mundo, se não nos conhecermos, não conseguiremos encontrar um sentido para a nossa vida, não conseguiremos tomar decisões importantes quando estas surgirem. A vida não faz sentido sem a Filosofia, pois esta está presente em cada acção que fazemos, em cada decisão que tomamos. Só seremos racionais se filosofarmos. Se não filosofarmos, seremos iguais aos animais, agiremos por instinto, sem pensar nas consequencias que podem advir dos nossos actos. Como Homem, sou livre para escolher o que quero para a minha vida e já escolhi uma das coisas que quero que esteja sempre a meu lado. A Filosofia, pois só esta pode levantar o véu da minha mente e deixar-me ver mais além do superficial, ver tudo com profundidade.

No inicio, tinha a mesma ideia da maior parte das pessoas, que a Filosofia era uma disciplina chata, principalmente as aulas e que não ia contribuir tanto para o meu futuro como qualquer outra disciplina contribuiria.

Hoje, já não penso desta forma, descobri que afinal esta disciplina tem algo de mais interessante. Aprendi a ter uma opinião critica e argumentativa formada, consigo visualizar as coisas de uma forma mais profunda, tenho traços orientadores na minha vida (uma pirâmide de valores), procuro um sentido para sentir que a vida merece ser vivida e acima de tudo contribuiu para o meu autoconhecimento e relacionamento com o outro.

“Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir.” como diz René Descartes esta é a minha opinião também

Introspecção da minha viagem Filosófica

“Filosofia!?… Olha Inês, mais uma disciplina para te estragar a média e para te queimar o teu Tico e o Teco.” Este foi um dos meus primeiros pensamentos que me ocorreram quando dei de caras pela primeira vez com Filosofia. Pensei que era uma disciplina que não ajudaria em nada e que não iria aumentar os meus conhecimentos tanto a nível profissional como ser humano.
Pode-se dizer que nesta altura era muito primata e fútil. Afinal, eu estava cega de preconceito e só via as coisas que eram óbvias…ou melhor, que parecem ser óbvias (parecer é diferente de ser).

Vá lá, ainda foi a tempo de perceber que a Filosofia não era esse quadro horrível que pintava e que esta disciplina acabou por me despertar mais para a vida (da que me falta viver) e permitiu ver com bons olhos tudo aquilo que de mau se passou.

Antigamente, se me questionassem “Quem és tu?”, “O que fazes aqui?”, “ O que achas que tem mais valor nesta vida?” ou “ Para que serve a tua existência?”, eu talvez respondesse o que me passasse pela cabeça.

Hoje em dia, se me voltassem a questionar tudo isto eu, muito provavelmente, teria de me catar e fazer uma nova introspecção, para responder a questões tão sábias, que nos faz utilizar algumas partes do cérebro que estiveram paradas e desconhecidas, até então.

Actualmente, sei que Filosofia é muito mais do que uma disciplina, onde se tenta dizer muito mais do que frases ou palavras ditas bonitas. Hoje, sei que esta disciplina me ajudou a construir uma ponte entre mim e o meu ‘eu’, e nesta aprendi a criticar argumentadamente. Aprendi a ver o mundo, sem ser em tons cor-de-rosa, a não ficar neutra perante as situações, e que nada é nosso, a menos que nos esforcemos para tal (mesmo que soframos).

Para além disso, aprendi que nós não somos como bússolas, que só nos orientamos para o Norte sem pensar se o Sul também pode ser uma opção, ou seja, que somos nós que decidimos o que fazer da nossa vida, que nada está pré-determinado, e somos suficientemente responsáveis pelas decisões que tomamos (já que sabemos pensar por nós próprios e temos uma diarreia de actos de consciência, depois de fazermos algo de imoral), tudo isto, com umas simples linhas orientadoras (os meus valores e princípios).

É impossível descrever tudo o que aprendi com os meus amigos e professora dentro daquelas quatro paredes, das piadas que dissemos e dos momentos mais emotivos… era bom que sempre fossem assim. Apenas filosofar… que isto nunca fosse efémero e que o bicho mais curioso do meu ‘eu’, que nunca se cala quando saiu de Filosofia, se mantivesse assim para além da minha morte.

Agora, sei que sempre precisei, neste meu pequeno mundo, de um pouco de filosofia para perceber que a vida é muito mais do que o óbvio e do que o materialismo. É preciso viver a vida em vez de ver ela a ser vivida.

Ao contrário do que imaginava, inicialmente, a Filosofia veio complementar o que me faltava. Veio enriquecer a minha forma de pensar, enquanto ser social e que me deu mais do que alguma vez imaginei…o que compensa todo o esforço que fiz para perceber certos conceitos filosóficos. Tudo isto, porque a pior coisa do ser humano é a sua ignorância.

Concluindo, a Filosofia permitiu-me conhecer quem realmente sou e compreender todos os sinais dados por esta vida finita. Sinto que cresci, sinto que destas lições de vida jamais me esquecerei. Graças á Filosofia, hoje percebi que sou um prédio sólido de 5 andares e que não se derruba com uma simples ventania. Hoje sou um pequeno alguém, que ainda tem de crescer e que a dor é apenas a minha noção de que sou muito diferente do que quero ser. Infelizmente, ainda não consegui decifrar o código para o sentido da minha vida, mas tenho a certeza que o irei encontrar e, quem sabe, talvez seja esse o meu sentido para a vida.

O que é certo, é que para o ano, sei que vou entrar neste vaivém emocional, sem hesitar, pois, esta viagem, breve e cheia de conhecimento, não me fez mais ignorante do que já era. Pelo contrário, fez-me viver para esta minha estranha forma de vida e a amar a minha amiga Filosofia.

I Cant Get No (Satisfaction) - The Rolling Stones Original Clip

Quem é que não consegue????

Quem? Quem?

Eu não sou...porque sei que vou conseguir por mais que sofra!!E vocês também!!

Reflexão sobre o meu percurso na filosofia

Quando iniciei a minha formação de filosofia, no inicio deste ano lectivo, acho que já tinha uma ideia do que era a filosofia, pois já tinha lido alguns textos sobre psicologia, pensava que a filosofia era uma disciplina que serve para a formação de pensadores.
Ao longo do ano a minha ideia sobre filosofia pouco se alterou. Após uma análise mais profunda sobre o que é ou para que serve a filosofia, melhorei a minha ideia sobre a filosofia, e posso dizer que a filosofia não é só uma escola de pensadores, bem como é através dela que podemos caminhar para dentro de nós mesmos e a expandir o mundo das ideias sobre a mente humana.
Espero que o meu percurso na filosofia vá mais além deste em que me encontro para dar resposta as minhas inquietações.
Com a abordagem inicial á filosofia , pensei que iriamos dar mais outra disciplina dita superficial....

Mas depressa compreendi que estava completamente errada , já que o que davamos nas aulas estava de alguma maneira relacionada com a nossa aprendizagem enquanto seres humanos na nossa vida .

Com o decorrer do tempo conclui então que a Filosofia remete-nos para a reflexão acerca da infinidade do nosso ser , incentivando o conhecimento de nós próprios . Apesar de já conhecer alguns dos aspectos essenciais da filosofia , acho que todos nós ainda temos mais e mais para aprender .

Como Jim Hendrix disse : " O conhecimento fala , mas a sabedoria ouve".

Reflexão sobre o meu percurso na Filosofia

No inicio do ano lectivo, não fazia a mínima ideia do que era realmente Filosofia e não estava á espera que fosse aprender tanto. Muitos de nós de certeza que se questionaram acerca de qual o objectivo da Filosofia e para que servia a mesma e confesso que tinha como visão da Filosofia uma coisa chata sem objectivo nenhum. Ao longo do tempo, vi que estava completamente enganada e que esta disciplina é importante, pois lida com as questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. A Filosofia ensinou-me a interrogar o porquê das coisas, a ter opinião crítica, a traçar linhas orientadoras, a procurar um sentido.
Para mim, Filosofia não é apenas mais uma disciplina como as outras, mas é aprender a valorizar, reflectir, pensar, é sabermos que temos metas para alcançar e só o conseguimos se nos esforçarmos e sofrermos, e acima de tudo é aprendermos a conhecer-nos a nós próprios. Tal como Nietzsche diz é uma forma libertária do ser.
Em suma, a Filosofia enriquece-nos não só nesta disciplina mas também como seres humanos.

A minha caminhada filosófica

Começou na altura da escolha do curso, lembro-me que assinalaram as disciplinas, uma delas era Filosofia, já tinha ouvido falar e já tinha lido muitos textos de um livro, era tão grosso e tinha muitos textos e esses textos eram enormes, comparado com aqueles que na altura lia.
Não sabia, ou julgava que não sabia nada do que se tratava em filosofia, mas o que aprendemos são coisas do nosso dia-a-dia só que aprendemos a ver o lado mais profundo dessas “coisas” e a questioná-las.
Iniciou-se o ano lectivo e começaram as aulas de Filosofia, a primeira coisa que aprendemos foi o que era a Filosofia, e a origem etimológica da palavra (philos+sophia, amar a sabedoria). Foi um grande passo para nos orientar sobre o que íamos tratar naquelas aulas. Nestes primeiros tempos cheguei a julgar que Filosofia não me era útil para nada pensava como Michel de Montaigne "A filosofia não passa de uma poesia sofisticada.", opinião que foi facilmente mudada quando percebi que era a reflexão da nossa vida, com Filosofia certamente somos pessoas mais cultas, mais bem formadas e que só pessoas muito inteligentes é que compreendem e interpretam a Filosofia de um modo mais correcto, mas consoante a vida que têm. Não é por acaso que muitos Filósofos foram matemáticos e foram autores de modelos que ainda estão em vigor, parecendo que não, isto faz pensar que talvez a Filosofia tenha um sentido, não ia existir porque existe, nada existe por acaso, tem uma razão de ser. Como Thomas Fuller diz
"Não é a barba que faz o filósofo."
Após tantas aulas de Filosofia e de muita matéria leccionada, aprendi muita coisa, desenvolvi o meu espírito crítico, a reflexão passou a ser um hábito, faz muito bem isolarmo-nos ás vezes e pensar em tudo o que fizemos, fazemos e vamos fazer e com isto acho que estou mais, muito mais enriquecida, algum dia eu ia questionar-me sobre quem eu sou? Porque motivo estou eu cá? E nunca mesmo ia construir uma pirâmide dos valores e é uma coisa muito útil para nos descobrirmos e saber os nossos objectivos. Para além que nunca ia saber distinguir ética de moral, que agora percebo que não só é ridiculo como uma falta de cultura geral. A Filosofia além de muitas outras coisas ensinou-me a vê-la com curiosidade, com espanto o que faz despertar ainda mais o meu interesse por esta disciplina. Aprendi sobre ela com ela.

Refexão sobre a Filosofia

Quando iniciamos com a disciplina de filosofia, não fazia a mínima ideia por que razão tinha esta disciplina uma vez que, na minha opinião, a filosofia era algo que não me ajudaria em nenhum aspecto, sendo assim inútil e uma perda de tempo. Mas, ao longo do ano, mudei completamente de opinião.
No inicio, achava que a filosofia consistia apenas em escrever coisas bonitas e a encarar tudo muito positivamente sendo que, deste modo, era algo ridículo. Ao longo do ano, com a ajuda das aulas de filosofia, cheguei à conclusão de que a filosofia não era o que julgava. A filosofia ajuda-nos a desenvolver a nível pessoal, leva-nos à procura de questões que antes nunca nos passariam pela cabeça, leva-nos a suspender as opiniões pessoais e as dos outros, leva-nos a desenvolver a nossa capacidade crítica e argumentativa já que, como seres pensantes que somos, temos por obrigação reflectir por nós próprios. E isto tudo não só é exclusivo dos filósofos, como também é útil a qualquer pessoa, já que a filosofia também desempenha um papel importante aplicada no nosso dia-a-dia.
Em suma, com a ajuda da filosofia, comecei a encarar e a reagir de maneira diferente e a ver o que me rodeia doutro ponto de vista. Agora, tomei consciência do quanto importante a filosofia é na nossa vida e como nos pode ajudar. Contudo, também aprendi que a filosofia nem sempre é fácil mas, tal como Baruch Espinoza dizia: ‘’ A filosofia é um caminho árduo e difícil, mas pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade.’’

terça-feira, 18 de maio de 2010

Filosofia - Reflexão

Devo confessar que no início estava um pouco resistente a esta nova disciplina. A impressão que tive nas primeiras aulas foi que para filosofia era só preciso transcrever frases bonitas sobre o amor e a amizade de sites da Internet. Fiquei com a impressão que era um desperdício de tempo e que não contribuía absolutamente nada para o meu desenvolvimento, tanto profissional como pessoal. Mas, gradualmente, fui mudando de opinião. Quando começámos a falar na aplicação da filosofia na vida real, como ela nos podia a ajudar no conflito com certas coisas do nosso dia-a-dia e como nos ajudaria a melhorar como pessoas, tornei-me mais disposta a aprendê-la. Conforme as matérias foram alternando, o meu interesse também foi aumentando, notei uma grande diferença na maneira como reagia e pensava sobre os assuntos que abordava nas aulas, melhorando de período para período. Agora estou muito satisfeita com o novo ângulo com que vejo tudo. Fez-me pensar que já devíamos ter esta disciplina há mais tempo. Agora estou confiante que quero aprender mais sobre a filosofia no futuro.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Nietzsche e o sofrimento

“ A todos com quem realmente me importo, desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos derrotados.”
Friedrich Nietzsche


Perante tal afirmação, á primeira vista, diríamos que Nietzsche era louco ou algo parecido. No entanto, se nós (seres humanos) deixássemos de parte o nosso lado robótico de interpretar palavra a palavra, veríamos que Friedrich não está de todo incorrecto.
Friedrich Nietzsche acreditava que todos os tipos de sofrimento e fracasso deveriam ser bem-vindos no caminho para o sucesso (a felicidade) e vistos como desafios a serem superados, e também considerava os infortúnios como algo vantajoso na vida.
Se pensarmos bem, todos nós temos fases menos boas nas nossas vidas. Todos temos fracassos e dificuldades que nos parecem intransponíveis, o que não faz de nós alguns coitados. E quando isso acontece, muitas vezes a nossa vontade é de desistir, mas a melhor forma de os ultrapassar e de alcançar o que queremos, é enfrentá-los ‘pelos cornos’.
A essência da filosofia de Nietzsche é uma ideia simples: dificuldades são normais. É sintomático que, em sua visão, para conquistar algo que valha a pena, o homem tenha de fazer um grande esforço, e que toda a conquista é fruto de luta e esforço constantes, embora imaginemos o sucesso como algo fácil e natural para algumas pessoas.
“Não falem de dons ou talentos inatos”, “ podemos enumerar muitas figuras importantes que não tinham talento, mas que conquistaram o seu mérito e transformaram-se em génios”. Elas, apenas, “fizeram isso, superando dificuldades”.
Se não fossem de tal modo: Como é que saberíamos que algo valeu a pena? Quando é que nos sentiríamos realizados? Quando é que sentiríamos o sucesso? Quando é que nos sentiríamos felizes? Qual seria o valor de termos coisas fáceis? Qual seria a recompensa de tanta dor?
Pois, o sofrimento que sentimos é, apenas, a distância entre aquilo que somos e aquilo que realmente idealizamos ser.
Mas Nietzsche achava que não bastava sofrer, porque se esse fosse o único requisito, sofrer pelas nossas dificuldades, então todos nós seriamos felizes.
O segredo, dizia ele, para o sucesso (a felicidade) era saber reagir bem ao sofrimento, transformando-o em coisas belas, ou seja, pegar em situações horríveis (ou que nos parecem como tal) e fazer nascer algo belo a partir delas.
Mesmos os nossos sentimentos mais negativos, podem dar belos frutos, se bem cultivados, porque isso só depende de nós próprios.
Exemplo:
A inveja pode gerar só amargura. No entanto, se soubermos conduzi-la de forma certa, então, esta pode estimular-nos a disputar com um rival e produzir algo maravilhoso.
Ou
Uma pessoa com cancro ou como uma doença letal e sem cura, nunca deve desistir, pois, quando receber a notícia de que está curada e de que toda a sua luta e tristezas valeram a pena, esta desfrutará de uma felicidade inesgotável, e aprende a ser mais madura e imparável.
Ou
A ansiedade pode nos levar ao pânico, mas também nos pode levar a uma análise do que está errado, gerando, assim, paz de espírito.
Portanto, “considerar o sofrimento como algo mau a ser abolido” é o “cúmulo da idiotice”, porque nem tudo o que nos faz sofrer, tem de ser necessariamente mau, nem tudo aquilo que nos dá prazer tem de ser necessariamente o que nos faz bem. Pois, são as nossas preocupações e o nosso sofrimento que nos encaminham para virar o mundo de pernas para o ar e, mudar a nossa vida para melhor.
Em suma, o que Nietzsche queria dizer é que “é num ápice que se desfruta de um boa vista, mas que para chegar até lá é difícil”, ou seja, que esta vida é arriscada, e quando se quer algo, é necessário ir á luta. E quem vai á guerra ‘dá e leva’.

Nietzsche e o Estado

“ O Estado é o mais frio de todos os monstros frios; mente friamente e eis a mentira que escorrega da sua boca: ‘ Eu, o Estado, sou o Povo’.”
Nietzsche


Após a leitura da afirmação do Canto «DO NOVO ÍDOLO» devo frisar que o Estado é uma nação politicamente organizada, com o objectivo de regulamentar e proteger os seus cidadãos, através da promoção dos valores democráticos.
Segundo Nietzsche, o Estado foi criado com o fim de supra-valorização da sociedade, com o objectivo da conquista, do poder e de elevar a sua superioridade enquanto sociedade.
O que o levou a equipará-lo a um “monstro frio” que nasce em situações terríveis, como a guerra e a discórdia, tornando-se, assim, segundo Kant, esta criação numa ACÇÃO CONTRA O DEVER (destituída de valor moral).
O Estado existe para muitos e devora, indistintamente, bons e maus. Onde, no Estado, os homens procuram o dinheiro como alavanca que os há-de elevar ao poder, trepando uns sobre os outros, arrastando-os, assim, para o abismo. Pois, o homem não existe para o Estado, mas é este que existe para o homem.
Para além do mais, o Estado identifica-se, aqui, como o Povo, que o representa como uno. Porém, o carácter pluralista da filosofia de Nietzsche impede-o de considerar que o povo seja uma entidade una, ou seja, não se pode identificar a multiplicidade, característica do meio social à unidade do Estado.
Por outro lado, Nietzsche refere que “ o monstro frio” é falso e podre; «mente em todas as línguas do bem e do mal; é mentira tudo quanto ele diz e é mentira tudo quanto ele tem».
Portanto, esta afirmação de Nietzsche crítica o Estado. Da qual eu concordo, pois, como se vê em prática, depois das eleições, os políticos não cumprem as suas “promessas”. E só quem está no Estado, apenas pretende poderio, dinheiro e bens materiais, colocando o interesse pessoal acima do interesse geral, o que contraria a Teoria de Justiça de Rawls, que deveria existir num Estado, em que ‘ o bem colectivo é superior ao bem individual’.
Em segundo lugar, o Estado não poderia ser o povo, na medida em que este não pode administrar um governo, pois, se isso acontecesse, o estado era desregrado.
Infelizmente, este “monstro frio” é nosso contemporâneo, o que leva a indagar que nós somos apenas uns primatas a viver impávidos e serenos, num utópico ‘bem-estar’ e que, apenas, contemplamos passivamente tudo aquilo que nos rodeia. Mesmo sabendo que é com a comunicação, com as relações livres entre cidadãos e com a contraposição que o conhecimento se alarga, permitindo um desenvolvimento na sociedade em geral, criando, assim, um bem-estar real e colectivo.

Ética, direito e política: A justificação contratualista de Locke

A filosofia do direito e a filosofia política são áreas profundamente ligadas à ética. A ética trata, em termos gerais, da questão de saber como viver. Ora, o facto de vivermos em sociedade, levanta a questão de saber como a devemos organizar.
As sociedades regem-se por várias instituições legais; por isso, é importante saber como se justificam essas instituições e compreender a relação entre as leis e a moral. Assim, nestas três disciplinas discute-se problemas, relacionados entre si, acerca do modo como a sociedade deve estar organizada e sobre o que caracteriza uma sociedade justa.
Nome: John Locke

Profissão: Filósofo, Médico

Data de nascimento: 29 de Agosto de 1632; Inglaterra

Data do falecimento: 28 de Outubro de 1704; Inglaterra

Principais interesses: Metafísica, Epistemologia, Filosofia sobre a política, a mente e a educação
Ideias notáveis: Tabula rasa; Lei natural; Direito à vida; Liberdade e Propriedade
No final do século XVII e início do século XVIII, John Locke criou uma nova noção de Estado, de modo a que cada cidadão tenha direito às suas propriedades.
Este filósofo defende que o estado tem origem numa espécie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se à autoridade de um governo civil; entregando o poder legislativo a quem faz as leis tendo em vista o bem comum e poder executivo a quem as aplica. Locke considera que esse contrato dá origem à transição do estado de natureza para a sociedade civil. Por isso, diz-se que a teoria da justificação do estado de Locke é contratualista.
No estado de natureza, as pessoas viviam, segundo Locke, em perfeita liberdade: cada um era «senhor absoluto da sua pessoa e bens», não tendo de prestar contas nem depender da vontade de quem quer que seja. As pessoas viviam também num estado de completa igualdade, não havendo qualquer tipo de hierarquia social ou outra. Além disso, viviam segundo a lei natural, a qual dispõe que ninguém infrinja os direitos de outrem e que as pessoas não se ofendam mutuamente.
Locke defendia que esta lei se descobre com o uso da razão natural, pelo que é comum a todas as pessoas, independente de quaisquer convenções humanas.
Deste modo, Locke distinguia a lei natural das chamadas «leis positivas» da sociedade civil. As leis positivas, são as que resultam das convenções humanas; são as leis que realmente existem nas sociedades organizadas em estados. Enquanto no estado de natureza, as pessoas nada têm acima de si, a não ser a lei natural, na sociedade civil as pessoas consentem em submeter-se à autoridade de um governo. A única lei que vigora no estado de natureza é, pois, a lei natural. Locke distingue a lei natural da lei positiva, mas também da lei divina:
Lei natural
• É dada pela natureza;
• É racional, porque é descoberta apenas pela razão e porque agir
contra a lei natural é agir contra a razão;
• É universal, porque é comum a todas as pessoas;
• É independente das convenções humanas, pois não dependem do
sítio e da época em que as pessoas vivem.
Lei positiva
  • É convencional, pois é aplicada apenas nos sítios em que essa
    convenção foi estabelecida.
Lei divina
• É revelada por Deus através dos profetas e das escrituras;
• Aplica-se àqueles a quem Deus escolheu revelá-la.
Locke defende que a lei natural é normativa: determina como as pessoas racionais devem agir e não como de facto agem.
Por outro lado, a lei natural e a lei divina, apesar de não serem a mesma coisa, não podem ser incompatíveis, pois Deus é a origem de ambas. Dado que, no estado de natureza, as pessoas vivem de acordo com a lei natural, têm os direitos decorrentes da aplicação dessa lei. Assim:
· Todas as pessoas são iguais, pois têm exactamente o mesmo conjunto de direitos naturais;
· Todas as pessoas têm o direito de ajuizar por si as acções que estão ou não de acordo com a lei natural, pois ninguém tem acesso privilegiado à lei natural, nem autoridade especial para julgar os outros;
· Todas as pessoas têm individualmente o direito de se defender – usando a força, se necessário – daqueles que tentarem interferir nos seus direitos e violar a lei natural, pois, esta existiria em vão, se ninguém a fizesse cumprir;
· Todas as pessoas têm o direito de decidir a pena apropriada para aqueles que violam a lei natural, assim como direito de aplicar essa pena, dado que num estado de perfeita igualdade, a legitimidade para fazê-lo é rigorosamente a mesma para todos.
· O estado de natureza não só é diferente da sociedade civil como, segundo Locke, do estado de guerra, pois neste, não há lei que valha e as pessoas não têm direitos.

Locke caracteriza o estado de natureza como uma situação de abundância de recursos e em que cada pessoa é livre de se apropriar das terras e bens disponíveis, através do seu trabalho e esforço.
O contrato social e a origem do governo
Locke pensa que qualquer poder exercido sobre as pessoas – exceptuando os casos de auto-defesa ou de execução da lei natural – só é legítimo se tiver o seu consentimento. Nem outra coisa seria de esperar entre pessoas iguais e com os mesmos direitos naturais. Assim, a existência de um poder político só pode ter tido origem num acordo, ou contrato, entre pessoas livres que decidem unir-se para constituir a sociedade civil. E esse acordo, só faz sentido, se aqueles que o aceitam virem alguma vantagem nisso.
Apesar de parecer que Locke caracteriza o estado de natureza como um estado quase perfeito, não deixa de reconhecer alguns inconvenientes que iriam tornar a vida demasiado instável e insegura. Isto porque, há sempre quem, movido pelo interesse, valha pela ganância ou pela ignorância, se recuse a observar a lei natural, ameaçando constantemente os direitos das pessoas e a propriedade alheia.
Locke dá o nome genérico de «propriedade» não apenas aos bens materiais das pessoas, mas a tudo o que lhes pertence, incluindo as suas vidas e liberdades.Assim, parece justificar-se o abandono do estado de natureza em troca da protecção e estabilidade que só o governo pode garantir.
Locke torna esta ideia mais precisa indicando três coisas importantes que faltam no estado de natureza e que o poder político está em condições de garantir:
1. Falta uma lei estabelecida, conhecida e aceite por consentimento, que sirva de padrão comum para decidir os desacordos sobre aspectos particulares de aplicação da
lei natural. Isto porque, apesar de a lei natural ser clara, as pessoas podem compreendê-la mal e divergir quando se trata da sua aplicação a casos concretos.

2. Falta um juíz imparcial com autoridade para decidir segundo a lei, evitando que haja
juízes em causa própria. Isto porque, quando as pessoas julgam em causa própria
têm tendência para ser parciais e injustas.

3. Falta um poder suficientemente forte para executar a lei e fazer cumprir as sentenças justas, evitando que aqueles que são fisicamente mais fracos ou em menor número, sejam injustamente submetidos pelos mais fortes ou em maior número.
É para fazer frente a estas dificuldades que as pessoas decidem abrir mão dos privilégios do estado de natureza, cedendo o poder de executar a lei àqueles que forem escolhidos segundo as regras da comunidade. E ainda que se possa dizer que ninguém nos perguntou expressamente se aceitamos viver numa sociedade civil.
Locke defende que, a partir do momento em que usufruímos das suas vantagens, estamos a dar o nosso consentimento tácito. Caso contrário, teríamos de recusar os benefícios do estado e de viver à margem da sociedade.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Filosofia: Nietzsche e o Sofrimento

SARA TAVARES Ponto de Luz Richard Jay Remix

"Ponto de Luz"

Sara Tavares

Escutando no vento

Tua voz secreta

Que me sopra por dentro

Deixe-me ser só ser

No teu colo eu me entrego

Para que me nutras

E me envolvas

Deixa-me ser só ser

Um ponto de luz

Que me seduz

Aceso na alma

Um ponto de luz

Que me conduz

Aceso na alma

Por trás dessa nuvem

Ardendo no céu

O fogo do sol raia

Eternamente quente

Liberta-me a mente

Liberta-me a mente

Um ponto de luz

Que me seduz

Aceso na alma

Um ponto de luz

Que me seduz

Aceso na alma

domingo, 11 de abril de 2010


Ética, o Direito e a Política

Depois da leitura e análise das páginas 145 até 152 do manual de Filosofia, concluo que a Ética, o Direito e a Política, são interdependentes entre si.
Estes três conceitos estão relacionados já que todos se referem a perspectivas reguladoras da nossa experiencia convivencial com o outro. Como já vimos atrás a ética possui um valor pessoal para o sujeito.
O agente moral possui assim, uma intenção e um determinado fim que pretende atingir com a sua acção, dispondo da sua consciência moral. Esta consciência, é uma espécie de tribunal interno que permite ao indivíduo avaliar os seus actos, em função dos critérios do bem e do mal.
Portanto, a ética convive com as intenções de um determinado sujeito. Quando as vontades individuais sobrepõem-se ao que está socialmente estabelecido, geram – se conflitos convivenciais, comprometendo o normal funcionamento da comunidade.
Para regular a actuação das pessoas nas sociedades, foram criados o direito e a política.
O primeiro responde á necessidade de se estabelecer normas jurídicas que regulamentam a convivência das pessoas na sociedade.


NORMAS MORAIS
NORMAS JURÍDICAS

Preceitos ideais; Autoridade Pública;
Indicam o modo segundo o qual as pessoas devem agir e comportar-se bem; Possui meios coercivos (a agentes para zelar a aplicação das leis e sanções definidas para a punição);
Promove a dignidade dos seres humanos; Intersubjectividade;
Universalidade; Estado – autoridade que limita as liberdades individuais. Promove o bem-estar social;
Carência em meios coercivos; Plano Social e político interligado – concretização de princípios de ordem ética.
Não possui meios para zelar pelo seu cumprimento.




I. Liberdade e Justiça Social


Aquilo a que chamamos “Liberdade” nem sempre foi assim, pois esta corresponde a uma conquista progressiva da humanidade, atravessada por reveses e vicissitudes da vida. Nesta evolução mental e de atitudes no que respeita ao reconhecimento dos direitos humanos distinguem-se algumas gerações.

1ª Geração: LIBERDADES INDIVIDUAIS
Nesta geração surgem as liberdades individuais e os direitos de participação política. Surgiu como resultado do liberalismo.
ESTADO DE DIREITO: sistema político que respeita as liberdades básicas de tal modo que ninguém se encontra acima da lei, nem mesmo o próprio Estado.

2ª Geração: JUSTIÇA SOCIAL


Surgem os direitos económicos, sociais e culturais. Surgiu também o conceito de Justiça Social de foram a minorar as desigualdades entre as pessoas.

ESTADO SOCIAL DE DIREITO: sistema político que respeita, além da igualdade dos cidadãos perante a lei, o direito de acesso aos bens básicos para poderem participar na vida política e cultural.

JUSTIÇA SOCIAL: aparece como a tentativa de instauração na prática social do verdadeiro sentido da justiça, na medida em que se esforça por amenizar as diferenças económicas, sociais e culturais existentes no seio das sociedades. Porém, é a justiça social e as instituições que têm a seu cargo promovê-la fundamentam as suas actuações na natureza social do homem e na finalidade social da riqueza e de outros bens.

3ª Geração: JUSTIÇA INTERNACIONAL

Nesta geração (que é recente) luta-se pelos direitos básicos muito gerais que estão directamente relacionados com:
• Viver numa sociedade em estado de paz;
• Desenvolver-se num meio ambiente ecologicamente saudável.






II. Responsabilidade pelas gerações vindouras

Nós, seres humanos, vivemos numa ilusão de bem-estar. Isto acontece porque falta - nos o lado humano, assim como nos progredir em termos de sociedade, de solidariedade, igualdade e de liberdade, que têm de passar a ser factos.

Pois, não basta ser “ um cidadão do mundo” apenas no presente, mas sim do futuro. E como diz Alvin Toffler, 'temos que ser contemporâneos do futuro'. Não em termos pessoais, mas “cidadão do mundo” das gerações vindouras.

sábado, 10 de abril de 2010

Capítulo 4: “A dimensão ético-política”

I. Ética, direito e política

A ética, direito e política são conceitos que se referem a perspectivas reguladoras da nossa experiência convencional. No entanto, o direito e a política intervêm no sentido de regulamentar a actuação das pessoas na sociedade.

Ética: (valorização da dimensão pessoal) é uma área interior em que se lida com as intenções do sujeito, mas a acção extravasa para o exterior, ou seja, podem comprometer o normal funcionamento da comunidade.

Direito: foi uma criação baseada na necessidade de estabelecer normas jurídicas que regulam o convívio entre as pessoas, de modo a verificar-se o mínimo de “ atropelos”.


Porém, existem normas de dois tipos:

NORMAS MORAIS: são preceitos ideais, na medida em que indicam o modo segundo o qual as pessoas devem agir se desejam comportar-se bem. Visando promover a dignidade de todos os seres humanos, estas normas tendem para a universalidade. Isto é, experienciam-se no plano da subjectividade e o seu não cumprimento de condutas ilegítimas.

NORMAS JURÍDICAS: o cumprimento confronta-se com a autoridade pública, que dispõe de meios coercivos para as fazer cumprir. Estas situam-se num plano intersubjectivo, e a sua não observância determina comportamentos ilegais (contrários à lei).

II. Liberdade e Justiça Social

Aquilo a que chamamos “Liberdade” nem sempre foi assim, pois esta corresponde a uma conquista progressiva da humanidade, atravessada por reveses e vicissitudes da vida (exemplo: A revolução dos cravos – 25 de Abril de 1974).
Nesta evolução mental e de atitudes no que respeita ao reconhecimento dos direitos humanos distinguem-se algumas gerações.

1ª Geração: LIBERDADES INDIVIDUAIS

Surgem as liberdades individuais e os direitos de participação política, como resultado da reivindicação do liberalismo dos séculos XVII e XVIII face às monarquias absolutas. Com o Estado de direito.

ESTADO DE DIREITO: sistema político que respeita as liberdades básicas de tal modo que ninguém se encontra acima da lei, nem mesmo o próprio Estado.

(Direitos: civis e políticos; Valor: Liberdade; Modelo de Estado: Estado de Direito)

2ª Geração: JUSTIÇA SOCIAL

Surgem os Direitos económicos, sociais e culturais. A consciência de disparidades sociais como estas levou a que se começasse a desenhar o conceito de JUSTIÇA SOCIAL, que tinha por objectivo minorar as desigualdades entre as pessoas. Portanto, exige que o produto social seja distribuído de modo justo e equitativo.

ESTADO SOCIAL DE DIREITO: sistema político que respeita, além da igualdade dos cidadãos perante a lei, o direito de acesso aos bens básicos para poderem participar na vida política e cultural.

JUSTIÇA SOCIAL: aparece como a tentativa de instauração na prática social do verdadeiro sentido da justiça, na medida em que se esforça por amenizar as diferenças económicas, sociais e culturais existentes no seio das sociedades. Porém, é a justiça social e as instituições que têm a seu cargo promovê-la fundamentam as suas actuações na natureza social do homem e na finalidade social da riqueza e de outros bens.

(Direitos: económicos, sociais e culturais; Valor: igualdade; Modelo de Estado: Estado Social de Direito)

3ª Geração: JUSTIÇA INTERNACIONAL

Nesta etapa luta-se por direitos básicos muito gerais, mas sem os quais o exercício dos direitos anteriores ficaria comprometido. Ou seja, entende-se por JUSTIÇA INTERNACIONAL, a promoção por organizações, o que implica que os Estados não renunciem toda a autoridade nacional, mas ao carácter absoluto da sua soberania. Por outras palavras, implica que as grandes nações aceitem algumas restrições de direito, exigidas pela constituição de organizações supranacionais.

(Direitos: paz e ambiente saudável; Valor: solidariedade; Modelo de Estado: Estado Solidário)

III. Responsabilidade pelas gerações vindouras

Nós, seres humanos, vivemos numa ilusão de bem-estar e vamos tomando consciência de que o poderio técnico e material não passa de um aspecto que talvez não tenha a relevância que sonhámos. Isto acontece porque nos falta o lado humano, assim como nos falta progredir em termos de sociedade, de solidariedade, igualdade e de liberdade, que têm de passar a ser factos.

Pois, não basta ser “ um cidadão do mundo” apenas no presente, mas sim do futuro. E como diz Alvin Toffler, 'temos que ser contemporâneos do futuro'. Não em termos pessoais, mas “cidadão do mundo” das gerações vindouras.

IV. Igualdade e diferenças

A IGUALDADE é um valor a progredir ao longo da história. A nível filosófico, esta questão tem suscitado, ao longo do tempo profundas reflexões, se bem que o conceito de IGUALDADE tenha aparecido diferentemente interpretado.

Para Platão a Igualdade era um conceito amplo, contrariamente a Aristóteles.

Aristóteles conferiu à igualdade um significado mais restrito, concebendo-a como virtude do “igual”, reguladora da convivência humana.
A partir desta matriz começou-se a manter indissociavelmente ligadas as ideias de JUSTIÇA e de IGUALDADE.

A “IGUALDADE” aristotélica manifesta-se de 3 maneiras:

Justiça comutativa: que se estabelece nas relações entre os indivíduos, com base na igualdade ou equivalência.

Justiça distributiva: que regula as actuações da sociedade em relação aos indivíduos, e que se pratica na distribuição; ou seja, os benefícios e riquezas serão repartidos em função da situação das pessoas no que respeita a méritos e dignidade.

Justiça legal: que regula as actuações dos indivíduos em relação à comunidade, tratando dos aspectos relacionados com o cumprimento das leis, ou seja, a justiça é o mesmo que legalidade.

No entanto, este conceito aristotélico de IGUALDADE alterou-se na Idade Moderna, que começou a impor um novo conceito onde todos os Homens são iguais perante a lei e todos possuem igualdade de direitos. É neste contexto de igualdade que se supõe que o sentido das ideias referem-se ao respeito pela dignidade humana.
Porém, o reconhecimento de uma igualdade fundamental não impede, na actualidade, o reconhecimento de diferenças. Permanece a ideia de uma igualdade proporcional, mas com a intenção de construir para uma maior simetria, para o incremento de uma igualdade de facto, com especial atenção aos seres humanos mais desfavorecidos.

V. Justiça e Equidade

A propósito da Justiça Distributiva, vimos que a teoria aristotélica já apresentava o conceito de distribuição equitativa. Porém, actualmente, segundo John Rawls, EQUIDADE toma um novo sentido.

Para Rawls, a sociedade é um conjunto de pessoas cujas relações se regulam por alguns princípios de JUSTIÇA que têm que se impor com a força de imperativos categóricos, estando de acordo com o critério da universalidade. Tais normas de justiça terão que possuir um carácter contratual e social. De modo, a organizar a sociedade de acordo com uma justiça imparcial ou equitativa.
A tese de Rawls sintetiza-se numa concepção geral de equidade, que se desenvolve em torno dos Princípios da IGUALDADE e da DIFERENÇA.

P. IGUALDADE: refere-se a um conjunto de liberdades fundamentais e exprime o regime de igualdade que lhes corresponde. Tem prioridade sobre o segundo, de acordo com a sua concepção de que ‘o bem colectivo é superior ao bem individual’.

P. DIFERENÇA: garante a protecção civil, aplicando a distribuição de benefícios e exprime um regime de igualdade distinto do pressuposto no princípio anterior.

Portanto, a TEORIA DA JUSTIÇA de Rawls situa-se na “justiça do agente”, isto é que os princípios (posição original) que se regem a sociedade são justos se derivam de um determinado agente fictício que se supõe ser imparcial (véu de ignorância), livre e racional (acordo original). O que implica que os princípios de justiça só possam ser encontrados por um observador ideal.

terça-feira, 6 de abril de 2010

"Consultório da sabedoria" - Revista Super Interessante, nº143

Dez conselhos dos grandes pensadores

O mundo em que vivemos continua a precisar de receitas escritas à séculos, por isso aqui vão algumas respostas de filósofos que já reflectiram sobre muitas das nossas inquietações presentes. Aproveitemos a sua sabedoria.

"Considero-me mal pago"
Responde Nietzsche: "Não admira! O salário é a arma moderna da escravidão. Se não se envergonha de ser utilizado como engrenagem numa máquina e acredita que pode reemdiar tudo À custa da sua prórpia angústis e a troco de um ordenado mais elevado, então vamos lá falar do seu servilismo"

"Estou sempre aborrecido"
Responde Schopenhauer: "Tanto melhor! O aborrecimento ajuda a dissipar uma ilusão que cega a maioria dos homens: o caminho para a felicidade. Não vos dais conta de que a hora do tédio chega quando o desejo é satisfeito?"

"Sinto uma grande atracção"
Responde Sócrates: "Nesse caso, ceda aos desejos, pois corre o risco de se tornar ainda maior, passando de simples necessidade a um verdadeiro tormento. Assim, deixe-se ir, mas não se esqueça de que, uma vez consumado, o desejo renascerá e tornar-se-á insaciável".

"Só acredito no que vejo"
Responde Santo Agostinho: "Não se trata de um acto de sabedoria, mas de uma desconfiança abominável. Se não acreditarmos naquilo que não vemos, se negarmos os desejos aos homens porque escapam ao nosso olhar, reinará tal desordem na sociedade que tudo ficará virado do avesso"

"Ninguém me leva a sério"
Responde Confúcio: "É porque fala demais. Não fale bem de si próprio, pois não o acreditarão; nem mal, pois não acreditarão muito. O homem perfeito fala pouco. O silêncio é uma amigo que nunca nos atraiçoa".

"Tenho uma aparência horrível"
Responde Kant: "Qualquer critério de gosto é unicamente contemplativo, e não faz mais do que vincular a sua natureza com um sentimento de prazer ou de pena. Esse critério de gosto não representa, pois, um critério de conhecimento e não é, por conseguinte, lógico. Refere-se apenas a uma pura e simples interpretação".

"Não posso fazer nada para mudar o mundo"
Responde Hans Jonas: "Nada mais falso. Uma ascese da moderação livremente consentida por cada um de nós pode permitir ao conjunto da humanidade evitar o pior".

"Não consigo decidir-me casar"
Responde Kierkegaard: "Paciência. Encontra-se apenas numa fase estética do amor. Mais avançada do que a simples aventura, em que apenas se procura a si próprio no outro, a fase estética é a da indecisão caprichosa, quando o rosto da pessoa amada ainda pode ser decifrado noutro rosto. O casamento só é exequível na etapa seguinte, a fase ética do amor, a da escolhe ponderada".

"Receio a morte"
Responde Epicuro: "É estúpido afligir-se por a morte nos esperar, pois trata-se de algo que, depois de chegar, já não nos pode fazer mal. Habitue-se a pensar que a morte não é nada: enquanto estamos vivos, não faz parte dos nossos desígnios; quando estamos mortos, já deixámos de existir. Estúpido é aquele que declara recear a morte, por ser assustador esperá-la".

"Sinto vergonha de mim"
Responde Sartre: "Isso acontece porque a imagem que oferece aos outros é determinada pela falsa convicção de que está sempre a ser julgado pelas pessoas que o rodeiam. Quando eu faço um gesto grosseiro ou vulgar, esse gesto fica comigo, sem que eu o julgue. Todavia, se o Outro me viu, tomo consciência da vulgaridade do gesto e então, sim, sinto vergonha".

Se quiseres saber um pouco mais destes filósofos, ou perceber melhor estas suas citações, compra a Super Interessante nº143, ou pede-ma na escola.

Ética, direito e política

Entrevista(*) relacionada com a ética, o direito e política, inseridos no tema “A dimensão ético-política: análise e compreensão da experiência convivencial”
* Não foi realmente uma entrevista

Ética, direito e política. Em que se relacionam estes três conceitos?
Ética, direito e política são conceitos relacionados: todos eles referem-se a perspectivas reguladoras da nossa experiencia convivencial.

O que é a ética? Não basta a existência da ética para regular a nossa experiência convivencial?
A ética tem uma dimensão pessoal: cada um de nós é um agente moral que decide como agir, em função de motivos e de metas particulares. Por isso, dispomos de um tribunal interno, a consciência moral, que nos julga, nos condena e no pune, em função dos actos por nós praticados.
A ética é uma área interior que lida com as intenções do sujeito. No entanto, a acção extravasa para o exterior, e muitas vezes os actos de cada um afectam as pessoas em seu redor. Geram-se conflitos que comprometem o normal funcionamento da comunidade, nos quais a acção ditada pela vontade individual colide com o que está socialmente estabelecido.

E o que fazer para evitar esses conflitos?
Para evitar estes conflitos, é necessário que a perspectiva ética seja completada por outras configurações convivenciais, como o direito e a política, que intervêm no sentido de regulamentar a actuação das pessoas na sociedade.
A criação do direito corresponde à necessidade de estabelecer normas jurídicas, que regulem o convívio entre as pessoas.

Que diferença existe entre normas morais e normas jurídicas?
As normas morais são preceitos ideais, pois indicam o modo segundo o qual as pessoas devem agir se desejam comportar-se bem. Estas normas tendem para a universalidade, e visam promover a dignidade de todos os seres humanos. Apesar disso, carecem de poder coercivo, pois não existem meios institucionalizados para zelar pelo seu cumprimento. As pessoas simplesmente prestam contas à sua consciência moral.
Pelo contrário, o incumprimento das normas jurídicas confronta-se com a autoridade pública, que dispõe de meios coercivos para as fazer cumprir. Enquanto que as normas morais se experienciam no campo da subjectividade e o seu não cumprimento determina condutas ilegítimas, as normas jurídicas situam-se num plano intersubjectivo e o seu não cumprimento determina comportamentos ilegais.
O ser humano integra-se numa sociedade politicamente organizada, ou seja, num Estado. O Estado é detentor da autoridade que limita as liberdades individuais. Falar de Estado é falar de uma comunidade em que o plano social e o plano político se encontram interligados, com viste à concretização de princípios de ordem ética. O ideal é que os seres humanos de sintam a viver numa sociedade cuja organização politica está apostada no respeito pelas liberdade individuais, na defesa da dignidade e dos direitos humanos, na promoção da justiça, da solidariedade e do interesse pela participação e intervenção democráticas.

Pode-nos dar alguns exemplos?
Claro. Por exemplo, ninguém é preso por trair um amigo ou por não ter contribuído para instituições de solidariedade social – isto demonstra que as normas morais carecem de poder coercivo. No entanto, pessoas que conduzam sob o efeito de álcool e pessoas que cometam roubos, mesmo que isso não as afecte em termos de consciência moral, a sociedade dispõe de agentes para zelas pela aplicação das leis e de sanções definidas para as punir.

Sempre existiu liberdade e justiça social?
Não, aquilo que actualmente nos parece tão óbvio, natural e inquestionável corresponde a uma conquista progressiva da humanidade, nem sempre feita pacífica e linearmente. Nesta evolução mental e de atitudes no que respeita ao reconhecimento dos direitos humanos distinguem-se algumas etapas, a que também de dá o nome de gerações.

Pode-nos falar um pouco de cada uma dessas etapas?
Claro. Na primeira geração surgem as liberdades individuais e os direitos de participação política, como resultado da reivindicação do liberalismo. Todos os direitos que surgiram estão relacionados com o conceito de Estado de direito, que é um sistema político que respeita as liberdades básicas de tal modo que ninguém se encontra acima da lei, nem mesmo o próprio Estado.
Na segunda geração surgem os direitos económicos, sociais e culturais, que se deveram à luta protagonizada pelos movimentos de trabalhadores. É que, mesmo nos estados em que vigorava o princípio da legalidade, foi possível o aparecimento de situações de injustiça, que levaram a que se começasse a desenhar o conceito de justiça social, que tinha por objectivo minorar as desigualdades entre as pessoas. O conjunto de direitos que surgiram, em conjugação com os da primeira geração, configurou um novo modelo de Estado que se designa por Estado Social de Direito. O Estado Social de Direito é um sistema político que respeita a igualdade dos cidadãos perante a lei e o direito de acesso aos bens básicos para poderem participar na vida política e cultural. O conceito de justiça social aparece como a tentativa de instauração na prática social do verdadeiro sentido de justiça.
Na terceira geração luta-se por direitos básicos muito gerais. A interdependência, os conflitos internacionais, a existência de problemas comuns e a incapacidade de serem resolvidos a nível nacional deram origem a uma confederação que progressivamente se foi alargando a todo o planeta, com, por exemplo, o nascimento da Sociedade das Nações e da Organização das Nações Unidas. As organizações internacionais têm objectivos diferenciados, embora todas se enquadrem no mesmo espírito: a promoção de um equilíbrio entre os povos, de modo a que se concretizem os princípios da solidariedade internacional. A justiça internacional implica que as grandes nações aceitem algumas restrições de direito, exigidas pela constituição de organismos supranacionais.

Somos cada vez uma população mais avançada em termos técnicos e materiais. Será que isso chega?
O poderio técnico e material não passa de um aspecto que talvez não tenha a relevância que sonhamos. Nós temos apenas uma ilusão do bem-estar, pois falta-nos o lado mais humano, falta-nos progredir em termos de pessoas, e a solidariedade, a igualdade e a liberdade têm de passar a ser factos. Não basta ser “cidadão do mundo” do presente, mas do futuro, temos de ser contemporâneos do futuro. Mas não do futuro em termos pessoais, mas do das gerações vindouras.

O conceito de justiça e igualdade foi sempre o mesmo, ao longo dos anos? Como via Aristóteles estes conceitos?
Não. A nível filosófico, esses conceitos têm suscitado, ao longo do tempo, profundas e belas reflexões, se bem que tenham aparecido diferentemente interpretados.
Platão tinha um conceito muito amplo de justiça, e Aristóteles conferiu-lhe um significado mais restrito, concebendo-a como a virtude do “igual”, reguladora da convivência humana. A igualdade aristotélica manifesta-se de três maneiras, dando origem a três conceitos de justiça: a justiça comutativa – que se estabelece nas relações entre os indivíduos, com base na igualdade ou equivalência –, a justiça distributiva – que regula as actuações da sociedade em relação aos indivíduos, e que se pratica na distribuição de honras, dinheiro ou qualquer outra coisa com base numa igualdade proporcional –, e a justiça legal – que regula as actuações dos indivíduos em relação à comunidade, tratando dos aspectos relacionados com o cumprimento das leis.

A concepção de justiça aristotélica mantém-se inalterada?
Não. Uma nova mentalidade surgiu com o Renascimento, e começa a impor-se um outro conceito de igualdade, onde todos os Homens são iguais perante a lei e todos possuem igualdade de direitos. É neste contexto que se pode entender o sentido das ideias referentes ao respeito pela dignidade humana.
No entanto, o reconhecimento de uma igualdade fundamental não impede, na actualidade, o reconhecimento de diferenças. Permanece a ideia de uma igualdade proporcional, mas com a intenção de contribuir para uma maior simetria, para o incremento de uma igualdade de facto, com especial atenção aos seres humanos mais desfavorecidos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. Às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem para dizer, não ter medo de dizer não, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos a dizer.
E mesmo que a voz trema por dentro, há que fazê-la sair firme e serena, e mesmo que se oiça o coração bater desordenadamente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar, esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória, o desejo, a saudade, a vontade.
Às vezes é preciso partir antes do tempo, dizer aquilo que se teme dizer, arrumar a casa e a cabeça, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro é bom e afinal já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e rezar a um deus qualquer que nos dê força e serenidade. Pensar que o tempo está a nosso favor, que o destino e as circunstâncias de encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação ténue e fechada num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que um dia também teve o seu fim.
Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito, somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor.Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo.
Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar.
Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar. Até se conformar e um dia então esquecer."

Margarida Rebelo Pinto.

segunda-feira, 8 de março de 2010

"A perfeição está em tudo que se ama.
A nossa perfeição nunca se vê no nosso espelho; vive nos olhos dos outros e no amor com que nos vêem." Margarida Rebelo Pinto

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A mágoa da tua ausência magoa

Meu coração já magoado por este amor

Deixa uma dolorosa ferida na minha alma

Esta alma que apenas sente dor.

A felicidade não existe para mim,

Pelo menos neste momento,

Só conhecerei seu significado

Quando acabar este tormento.

Mas este tormento só irá acabar

Se isto não passar de uma paixão

E eu te conseguir esquecer.

Ou então se a morte se apiedar

E arrancar-me da frustração

Desta vida sem prazer.

Havia uma grande fortaleza

Que ninguém conseguia derrubar

Por mais esforços que se fizesse

Ninguém a conseguia fazer tombar.

Homens tentavam através da força física

Fazer aquela barreira cair,

Mas vendo que se mantinha inabalável

Acabavam por cedo desistir.

Até que chegou um homem jovem

Que facilmente a conseguiu derrubar

Usando apenas a força da palavra,

Um sorriso e, também, um olhar.

Mas o que realmente a fez tombar

Não foi o sorriso, nem a palavra, nem o olhar,

Mas sim o amor que deles emanava

E que permitiu ao coração dela se libertar.

Muitas coisas em que pensamos

São uma autêntica utopia

Uma grande quimera

Que a nossa mente contagia.

Um mundo de paz

Sem racismo nem xenofobia

Um mundo de igualdade

Onde toda a gente feliz seria.

Um mundo de tolerância

Onde povos possam comunicar

Um mundo onde com amor

As pessoas se possam brindar.

Um mundo sem corrupção

Politicamente correcto

Um mundo de perfeição

Onde todos fariam o que é certo.

Um mundo onde eu e tu

Possamos estar lado a lado

Um mundo em que te possa amar

E também ser amado.

Será isto exequível?

Ou será apenas uma fantasia

Criada pela minha mente?

Serei eu algum crente?

Poderá a nossa harmonia

Tornar isto possível?

As mulheres são os seres

Mais vingativos da Terra

Por tudo e por nada

Iniciam uma guerra.

Homens de aliança são

Os seus alvos preferidos

Tentam conquistá-los por entre

Jarros de tinto bem servidos.

Adoram enfeitar as testas

Das suas maiores rivais

Depois negam tudo

Com mentiras teatrais.

Com isto apenas conseguem

Perder credibilidade

E ganhar, também,

Uma vida de falsidade

Mentir é um dom natural

Que elas dominam na perfeição

Enganam toda a gente

Com palavras de lamentação.

Havia um homem, que tudo dizia saber.

Desde o nome de todos os astros

Ao nome dos donos de todos os castros.

Apenas não sabia o que estava para acontecer.

Procurava deslindar o tempo futuro

Questionava todos os cultos homens

Todos os líderes de ordens

Procurando alguém que quebrasse aquele muro.

Um dia, encontrou-se com um erudito,

Humilde e que nada dizia saber,

Numa muralha dum castelo a ranger,

E perguntou-lhe num tom de voz maldito:

“Sabes se o teu fado

Em algum lado está registado,

Ou tê-lo-ás tu de registar?”

E, lentamente,

Com grande serenidade

Própria da idade,

Ele respondeu, sabiamente:

“Eu estou para sempre condenado

A viver, pela incerteza, atormentado

Apenas sabendo que minha vida vai cessar.

Eu defino amor como sendo um sentimento

Onde é necessário haver grande maturidade

E por sua causa manifestamos

Toda a nossa ridicularidade.

É necessária maturidade

Para compreender algo tão belo

De elevado grau de complexidade

E também singelo.

Ridicularidade pois fazemos tudo

Até percorremos o mundo

Por uma só pessoa

Que tantas vezes nos magoa.´

Amor também nos consome por dentro

Deixando-nos no limiar da loucura

Mas quando é correspondido

Sentimos a felicidade mais pura.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Resumo da aula de Filosofia

Na aula do dia 18 de Fevereiro de 2010, começamos a estudar o capítulo “ A dimensão estética”. Lê-mos algumas páginas do manual acerca do juízo estético e o carácter heterocósmico da arte, a professora explicou a diferença entre moral e ética, procuramos num dicionário de filosofia o que era catarse e a professora foi explicando melhor alguns aspectos. Após isso estivemos a analisar umas fichas informativas sobre a fundamentação da moral, onde analisamos como introdução as Teorias Clássicas, que se aproximam da visão de Aristóteles, as Teorias Modernas , que concluímos que são semelhantes às ideias de Kant, e as Teorias Contemporâneas. Esta introdução serviu para iniciarmos o estudo de Aristóteles e Kant. Aristóteles, pai da Lógica e que se preocupou com problemas associados à acção humana, constatou que a finalidade/o fim que todos os seres humanos querem é a Felicidade e que para atingi-la, o ser humano necessita de prudência e algumas virtudes. Mas só com o exercício de investigação filosófica é que nos vai conduzir a esta sabedoria de vida. De Kant, estivemos a ver a Ética Kantiana que enuncia que Kant se guiava pela razão humana para lutar contra qualquer tirania exterior à razão. Ele propôs uma ética autónoma, formal e deontológica que consiste que o homem tenha força suficiente para seguir as orientações da razão, ainda que outros factores tendessem a desviá-lo, enquanto que até aquela altura existia a ética heteronoma, material e de cariz teológico, o homem apenas obedece a desejos, apetites e inclinações, não é autónomo e as normas de acção são definidas fora da razão do sujeito.

Definição de Catarse

Catarse - Em Aristóteles : purgação das paixões por meio da arte, que lhes permite expandir-se em objectos fictícios.

TerapÊutica Psicanalítica que consiste em livrar o paciente das suas perturbações, quer pela revocação á consciência da ideia cujo recalque as produziu, quer pela ab-reacção.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Relatório do Filme "América Proibida"

Este filme tem, logo á partida, algo que não costuma acontecer, pois começamos a ver o filme não do lado de quem sofre a perseguição, mas sim de quem persegue. Derek, um skinhead que viu o seu pai morrer e nunca mais conseguiu ultrapassar esse facto, segue fielmente um homem Neo Nazi que o transforma no líder dos Neo Nazis daquela região. Derek é visto como um exemplo, principalmente aos olhos do irmão, Danny, que segue os seus ideais fielmente. Ao ver de Derek, deve existir uma raça pura, e ele não tem problemas em tentar levar a sua ideia até aos níveis mais avançados, usando e abusando da violência. Logo no início do filme conseguimos perceber que o que leva muitas vezes as pessoas a optarem por más atitudes são problemas como complicadas relações familiares (neste caso marcadas pela morte da figura paterna), e o facto de se crescer numa atmosferas de constante tensão e intolerância.

Nas aulas de filosofia aprendemos que, perante a existência de seres humanos com normas e hábitos culturais diferentes, as pessoas podem assumir atitudes e condutas variadas. Neste caso, Derek e o seu grupo de Neo Nazis, optaram pelo etnocentrismo, atitude na qual se incluem as pessoas que observam as outras culturas em função da sua própria cultura, tomando-a como padrão para hierarquizar as restantes. Desta atitude surgem duas consequências directas: uma incompreensão em ralação aos aspectos das outras culturas, e o aumento do sentimento de superioridade em relação aos elementos de fora com que têm de coexistir. O facto de Derek e os seus amigos acreditarem que deveria existir uma raça pura, mostra que um etnocentrista é incapaz de aceitar os que não adoptam não só modos de vida semelhantes ao seu, mas também os que são diferentes de si fisicamente.
Uma das cenas que mais me marcou foi quando um grupo de negros tentou roubar o carro de Derek, e Derek atacou um deles, matando-o de uma forma violentíssima. O racismo está presente aqui duma forma muito forte, pelo facto de, depois de Derek matar o negro, se vir no seu rosto e nos seus olhos uma sensação de extrema alegria, sempre com um sorriso e os olhos lunáticos presos no irmão, que assistiu a tudo.

Depois de este acontecimento, Derek é preso, e é na prisão que vai descobrir o quanto estava errado. Na prisão, Derek conheceu outros nazis, e percebeu que, aquilo em que ele acredita, e segue, não é levado à letra por outros que dizem ter os mesmos ideias que ele. Esses nazistas que ele encontra na prisão, pela frente parecem ser uma coisa, mas no fundo para eles o que conta é o que conseguem para seu interesse de outras pessoas, independentemente da raça dessas pessoas (o que parece ser, nem sempre o é).
Contra o que Derek esperava, vai-se tornar amigo de um afro-americano, e é na prisão e com a sua ajuda que ele vai reavaliar os seus valores e transformar-se num homem mais correcto e justo. Com o relacionamento com este afro-americano, Derek percebeu que talvez a sua atitude etnocentrista não fosse a melhor, e que as pessoas não precisavam de ser da sua raça para serem respeitadas.

Quando Derek sai da prisão, dá conta que aqueles que o seguiam e que o respeitavam não compreendem a sua nova personalidade, e a próxima luta dele é afastar-se do que era, e tentar que o seu irmão siga a sua atitude, optando pelo interculturalismo e afastando-se de toda a comunidade nazi. Derek quer evitar que o irmão se insira numa vida de ódio, violência e xenofobia, que tanto o marcou. O interculturalismo tem como ponto de partida o respeito pelas outras culturas e defende o encontro, em pé de igualdade, de todas elas.
Este é um filme sem dúvida violento, muito real e, pior que tudo, muito actualizado, pois retrata de forma directa e tocante um outro lado da América ao qual as pessoas preferem fechar os olhos (daí o titulo “América Proibida”), a América dos conflitos raciais entre pretos e brancos retratados ao longo do filme. A meu ver este filme possibilita uma intensa visão sobre o etnocentrismo, nomeadamente o racismo e o fanatismo, a desagregação familiar, o descontrolo, o preconceito e as influências. Relata também o impacto profundo do etnocentrismo, do ódio, que começa a destruir a família e a vida naquelas que optam por esta atitude.
É um filme que tem de ser visto pelo menos uma vez, porque a mensagem que transmite é imperdível.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Viagem á turquia.

27 de Julho de 2010
Queridos pais,
Nem acredito que já estou na Turquia, mais precisamente em Istambul. Aqui tudo é muito diferente de Portugal, basta olhar em volta que á muito mais para ver e muita histórias por detrás de monumentos. Vocês sabem porque vim aqui, vim ajudar a avó Minda que estava muito doente e como já tem uma certa idade, acho que não devia de estar aqui sozinha. Não vos culpo por não virem, não podiam abandonar o trabalho e os custumes do dia á dia. Como sabem, o meu valor primordial é a família, pois é nela que recebo o amor verdadeiro e a alegria constante. A avó sempre me deu aquele amor, que uma avó dá a uma neta. Acho que neste momento está na hora de retribuir tudo o que ela me deu, todo o apoio e carinho. Assim, aproveito e conheço a Turquia, que tem uma cultura, religião e custumes muitos diferentes dos nossos. Penso que esta vinda á Turquia, vai mudar muito a minha vida, irei conhecer novos caminhos e novas experiências de vida. Como a mãe diz “ Nova mudança, nova vida” e penso que é isso que vai acontecer, a minha vida irá tomar outro rumo.
Cheguei a casa da avó e ela estava na cama, mal me viu levantou-se e abraçou-me com muitas saudades e disse “Seni özlüyorum” que em português quer dizer “ tenho saudades tuas”. Como não percebo nada de turco, ela lá tentou falar comigo em Português. Depois de “matarmos” as saudades, sentamo-nos na mesa da cozinha e perguntei várias coisas á minha avó sobre a Turquia. Sabiasm que 99% da população da Turquia são considerados muçulmanos, em sua maioria pertencentes ao ramo sunita do Islão ? Dito isto até parece uma barbaridade, mas os Turcos possui uma grande diversidade cultural e étnica. Quando a avó disse que a Turquia tinha mais ou menos 70.586.256 habitantes, nem quis acreditar. Dito isto, eu e a avó fomos dormir que estavamos ambas cansadas.

28 de Julho de 2010

Acordei ás 5:00 da manhã e foi passear com a minha avó por Istambul. Visitamos vários sitios como a Torre Galata, pois permite apercebermo-nos da geografia particular de Istambul. É uma torre de pedra com quase 70 metros de altura com paredes de 3.75 m de espessura. Fiquei encantada com aquilo, nunca tinha visto algo assim. Depois visitamos a Igreja Santa Sofia, mundialmente famosa, que foi transformada em mesquita sob o domínio otomano e que é actualmente um museu. Aí apercebi-me que os Turcos são muito ligados á sua religião, basta olhar para a mulher tipica turca que pode tapar-se ou não. Comparado com a religião em Portugal, não tem mesmo nada haver. Aqui as pessoas seguem fielmente a sua religião, não indo por obrigação a uma igreja, indo por vontade própria. Acho que isto fez-me perceber que a religião também tem de ser levado “ a sério” na minha vida, ou seja, devida de participar mais na minha religião católica e dar mais valor a ela. Depois de ver os monumentos, decidimos ir a um restaurante almoçar. A avó disse que a gastronomia não tinha nada haver com a de Portugal, tem aqui várias comidas que certamente não iriam gostar. Dedici arriscar e comer iogurte de leite de cabra, misturado com pepino, alho e hortelã. Pelo nome parece uma coisa horrível de comer, mas na realidade é diferente e tem um sabor diferente. E depois de almoçar até disse a minha primeira palavra em turco: “teşekkürler” que em português significa “obrigado”. Apercebi-me que a avó estava bem melhor, ela estava sempre com um sorriso na cara e sempre com aquele gesto carinhoso de avó. Acho que o que realmente ela precisava era de amor, carinho, afecto, já que ela vivia sozinha e á muito tempo que não esta com ninguém da família. Chegamos a casa super cansadas e contentes, acho que nunca tive um dia assim com a minha avó e acho que merecia.

30 de Julho de 2010

Hoje é o meu aniversário, então convidei amigos da avó e amigos que tinha feito para virem cá a casa. Fomos andar de bicicleta por Istambul, apreciar as maravilhas desta cidade. Paramos na Mesquita Azul, pois tinha sido um sítio que ainda não tinha visto. Cada vez ficava mais admirada com a arquitectura de aqui, não tem nada haver com a de Portugal e aqui visitam mais os monumentos históricos e apreciam a arte do país da Turquia. Cada vez sentia mais que podia acolher este país como novo país e acho que a avó ia adorar a ideia, assim iriamos passar os dias juntas e recuperar o nosso tempo perdido. Chegamos a casa e reflecti sobre o assunto, acho que estava mesmo determinada a ficar aqui. Quando falei com a avó, ela achou uma boa ideia e acho que é o ideal para mim.
Com esta viagem aprendi muita coisa, essencialmente a dar valor á minha religião e á minha cultura, pois é algo que muitos portugueses hoje em dia, não dão muito valor. Aprendi a apreciar os monumentos, a experimentar novas comidas, novos modos de vida, essencialmente, acho que a minha vida mudou bastante,. Vou cuidar bem da avó, espero que agora que estou com ela, que se sinta uma outra pessoa mais feliz e segura.
P.S. : Não te preocupes, vou visitar-vos sempre que posso e não se esqueçam que tenho muitas saudades.
Um grande abraço,
Ana Catarina Vieira Araújo.