sexta-feira, 30 de abril de 2010

Nietzsche e o sofrimento

“ A todos com quem realmente me importo, desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos derrotados.”
Friedrich Nietzsche


Perante tal afirmação, á primeira vista, diríamos que Nietzsche era louco ou algo parecido. No entanto, se nós (seres humanos) deixássemos de parte o nosso lado robótico de interpretar palavra a palavra, veríamos que Friedrich não está de todo incorrecto.
Friedrich Nietzsche acreditava que todos os tipos de sofrimento e fracasso deveriam ser bem-vindos no caminho para o sucesso (a felicidade) e vistos como desafios a serem superados, e também considerava os infortúnios como algo vantajoso na vida.
Se pensarmos bem, todos nós temos fases menos boas nas nossas vidas. Todos temos fracassos e dificuldades que nos parecem intransponíveis, o que não faz de nós alguns coitados. E quando isso acontece, muitas vezes a nossa vontade é de desistir, mas a melhor forma de os ultrapassar e de alcançar o que queremos, é enfrentá-los ‘pelos cornos’.
A essência da filosofia de Nietzsche é uma ideia simples: dificuldades são normais. É sintomático que, em sua visão, para conquistar algo que valha a pena, o homem tenha de fazer um grande esforço, e que toda a conquista é fruto de luta e esforço constantes, embora imaginemos o sucesso como algo fácil e natural para algumas pessoas.
“Não falem de dons ou talentos inatos”, “ podemos enumerar muitas figuras importantes que não tinham talento, mas que conquistaram o seu mérito e transformaram-se em génios”. Elas, apenas, “fizeram isso, superando dificuldades”.
Se não fossem de tal modo: Como é que saberíamos que algo valeu a pena? Quando é que nos sentiríamos realizados? Quando é que sentiríamos o sucesso? Quando é que nos sentiríamos felizes? Qual seria o valor de termos coisas fáceis? Qual seria a recompensa de tanta dor?
Pois, o sofrimento que sentimos é, apenas, a distância entre aquilo que somos e aquilo que realmente idealizamos ser.
Mas Nietzsche achava que não bastava sofrer, porque se esse fosse o único requisito, sofrer pelas nossas dificuldades, então todos nós seriamos felizes.
O segredo, dizia ele, para o sucesso (a felicidade) era saber reagir bem ao sofrimento, transformando-o em coisas belas, ou seja, pegar em situações horríveis (ou que nos parecem como tal) e fazer nascer algo belo a partir delas.
Mesmos os nossos sentimentos mais negativos, podem dar belos frutos, se bem cultivados, porque isso só depende de nós próprios.
Exemplo:
A inveja pode gerar só amargura. No entanto, se soubermos conduzi-la de forma certa, então, esta pode estimular-nos a disputar com um rival e produzir algo maravilhoso.
Ou
Uma pessoa com cancro ou como uma doença letal e sem cura, nunca deve desistir, pois, quando receber a notícia de que está curada e de que toda a sua luta e tristezas valeram a pena, esta desfrutará de uma felicidade inesgotável, e aprende a ser mais madura e imparável.
Ou
A ansiedade pode nos levar ao pânico, mas também nos pode levar a uma análise do que está errado, gerando, assim, paz de espírito.
Portanto, “considerar o sofrimento como algo mau a ser abolido” é o “cúmulo da idiotice”, porque nem tudo o que nos faz sofrer, tem de ser necessariamente mau, nem tudo aquilo que nos dá prazer tem de ser necessariamente o que nos faz bem. Pois, são as nossas preocupações e o nosso sofrimento que nos encaminham para virar o mundo de pernas para o ar e, mudar a nossa vida para melhor.
Em suma, o que Nietzsche queria dizer é que “é num ápice que se desfruta de um boa vista, mas que para chegar até lá é difícil”, ou seja, que esta vida é arriscada, e quando se quer algo, é necessário ir á luta. E quem vai á guerra ‘dá e leva’.

1 comentário:

  1. Bem parecido com o que li aqui:

    http://www.youtube.com/watch?v=xATNW4AQf8I&playnext=1&list=PLE117A9C7B87B86C7

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